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Tela Bags - Entrevista a Fundadora: Helena Ferreira Pinto

1. O empreendedorismo nasce num dado contexto: social, económico, cultural, ambiental, político, etc. Como é que o mesmo influenciou a criação deste projeto, bem como a sua motivação, visão e estratégia?

A ideia surgiu na altura da 1ª edição do Rock in Rio em Lisboa, em 1994. Este foi um período áureo em publicidade durante a qual os patrocinadores invadiram a cidade com publicidade exterior em tela. Daí ter-me surgido a seguinte questão: o que se fará a todos estes materiais depois do evento? Sondei empresas de publicidade e a organização do evento, e o destino apontado como provável foi o lixo. A tela é um material muito interessante pela sua maleabilidade, durabilidade e pelo seu lado estético: o grafismo em termos publicitários é normalmente bonito. Assim, surgiu a ideia de reaproveitar esses materiais excelentes em termos de características e transformá-los, após os eventos, em produtos com vida útil mais longa.

2. Quais as fases determinantes do desenvolvimento da Tela Bags?

Desenvolvemos duas áreas de negócio, o mercado Corporate e o mercado Fashion Retail.
O mercado Corporate responde por projectos e é o grosso do nosso volume de negócios. A estratégia foi desde o início criar uma marca.- única forma de gerar valor, criar uma identidade: brand value. Hoje em dia, uma das razões porque trabalhamos o mercado Corporate e conseguimos alavancar clientes é porque temos a marca.

O primeiro projeto Corporate foi para a Edp aproveitando as bandeirolas da maratona de Lisboa. Fizemos sacos para distribuirem na maratona seguinte. Fui eu que cortei e apresentei os modelos aos clientes! A partir daí, começámos a diversificar, não só em termos de materiais como em termos de linhas e de modelos. Ao longo dos sete anos temos feito o reaproveitamento dos mais diversos materiais: chão de cozinha ( linóleo), telas de katesurf, sobras de papel (revistas, relatórios de contas,) do qual fazemos escolha seletiva para maior aproveitamento gráfico.

O mercado Fashion Retail, onde não tínhamos qualquer experiencia, implicou um grande investimento financeiro e de tempo e com resultados menos visíveis. Este é um mercado diferente.
O primeiro projeto, a Colecção Chiado, foi lançado em simultâneo com a marca, em Maio de 2006. As malas eram feitas a partir de telas do Fundo Remanescente de reconstrução do Chiado reproduzindo fotografias de Lisboa de 1900. A distribuição era feita através de lojas multimarcas.
As coisas têm corrido bem em Portugal e a ideia é replicar o modelo nos mercados lá fora e angariar o mercado Corporate também. O que implica níveis de envolvimento e investimento diferentes.

3. Quais são os fatores de sucesso do seu projeto?

Em primeiro lugar, a história. Uma história cativante e fácil de contar. Em segundo lugar, a comunicação. Toda a componente de divulgação pressupôs grande investimento e integrou uma estratégia de marketing desenvolvida através de vários meios – parcerias com revistas, facebook, sem recurso à publicidade. E isso foi o que permitiu criar a notoriedade que a empresa tem em Portugal e abriu as portas também para o mercado Corporate.

4. O que é para si ter sucesso como empreendedora?

Ter reconhecimento do trabalho bem feito.

5. O empreendedorismo é fundado num ciclo permanente de aprendizagem do qual inovação e errar fazem parte? Quais foram os obstáculos que teve no seu percurso e o que retirou como aprendizagem?

O principal erro foi, no mercado Retail, termos apostado no segmento Fashion, um negócio desconhecido para nós. Muito embora o cartão de visita da marca seja a vertente eco com enfoque na reciclagem, tivemos que dar realce ao lado fashion para ir ao encontro duma exigência claramente feminina: o produto ser bonito…nesta ótica, o ser eco é unicamente um plus. Este posicionamento exige a apresentação de duas colecções sazonais e condiciona estar presente nas feiras internacionais, com o investimento que esta presença envolve. Neste mercado acresce uma dificuldade: o conceito próprio de peças únicas não funciona a nível comercial, dificultando as encomendas para certas lojas, já que em cada modelo, dentro de cada referência as nossas peças são todas diferentes.

6. Empreender para si tem por base a cooperação ou é mais um “one person show” ?

É importante dar a cara a um projeto e haver essa associação mas… não é possível fazer as coisas sem uma equipa.

7. Trabalhar com sócios – Quais as Vantagens/Inconvenientes?

Há uma grande vantagem em ter um sócio, em poder partilhar ideias, crescer mais depressa. Com a Tela Bags houve alguns candidatos mas em geral constatei que há uma clara falta de cultura de risco. Tem que haver um match certo entre as pessoas…estou à espera!

8. Estando a comemorar o “sétimo aniversário”, que balanço faz, tendo em conta os tempos conturbados que Portugal atravessa atualmente? Quais serão as principais apostas para o futuro?

A Internacionalização é o caminho. Aliás tem sido essa a estratégia desde o primeiro ano. Começámos a alargar o mercado indo a feiras, com vista a internacionalização da marca. Vai-se manter a presença nas feiras internacionais, mas alteramos o mercado alvo, orientando a nossa oferta ao mercado gift, como cartão de visita para o cliente Corporate.

9. Atualmente, fala-se muito na necessidade das empresas serem sustentáveis e socialmente responsáveis. Que contributo pode dar o empreendedorismo para um modelo de desenvolvimento sustentável e responsável?

O próprio negócio é alicerçado nas premissas da sustentabilidade. A reciclagem é a bandeira, mas a reciclagem com qualidade no produto e no serviço.

 

CONSELHOS E DICAS:

10. Quais são os principais critérios a ter em consideração para ter sucesso numa start up?

Ter uma estratégia bem definida, objetivos claros mas flexíveis. Fazer se o que se gosta ajuda mas não é imprescindível.

11. Se tivesse de escolher cinco características a nível de personalidade, competências ou valores que um(a) empreendedor(a) deve ter ou desenvolver, quais seriam?

Persistência, persistência persistência.

12. Após a consolidação de um projeto/negócio, quais devem ser para si as prioridades do(a) empreendedor(a) enquanto líder e gestor(a)?

Manter o rumo e motivar uma equipa.

13. O que é para si empreender no feminino e que conselho(s) daria às mulheres que desejam tornar-se empreendedoras?

O multi-tasking é indubitavelmente uma característica vantajosa. O conselho é vencer a aversão ao risco. Ter os pés na terra mas sonhar ao mesmo tempo e manter o sonho numa gestão de risco equilibrada.

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