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SelPlus/Seldata - Ana Paula Reis
1. O empreendedorismo nasce num dado contexto: social, económico, cultural, ambiental, político, etc. Como é que o mesmo influenciou a sua motivação, visão e estratégia, bem como o desenvolvimento do seu projeto? A oportunidade de concretizar a vontade de ter o meu próprio negócio surgiu no início de 2002, após refletir sobre o contexto que se vivia na altura e o seu provável desenrolar. Em termos internacionais, estávamos no rescaldo da bolha da internet, da queda abrupta das bolsas e do 11 de setembro, no início de um período de desconfiança. Em Portugal, o PIB demonstrava fraco crescimento e desaceleração em relação a anos anteriores, maioritariamente por retração da procura interna e do investimento. As multinacionais aprofundavam o processo de deslocalização dos centros produtivos e de decisão para Espanha e outros lugares no centro e norte da Europa. Nesse contexto, a oportunidade de negócio detetada foi colmatar a necessidade inerente das empresas obterem novas respostas para incrementar as suas vendas, terem cobertura territorial mais eficiente e equipas comerciais adaptadas, formadas e treinadas para uma nova realidade. 2. Quais são os fatores de sucesso do seu projeto e que é para si ter sucesso como empreendedora? No que diz respeito à SelPlus, os fatores de sucesso foram:
Como empreendedora, defino sucesso pela capacidade de fazer vingar no mercado uma empresa sólida, estruturada, com viabilidade e capacidade de existir e crescer a partir da geração dos seus próprios meios, em que:
3. Empreender para si tem por base a cooperação ou é um "one person show"? Só o entendo como uma cooperação. 4. Trabalhar com sócios. Quais as Vantagens/Inconvenientes? Ter sócios possibilita olhar para a realidade através de diferentes perspetivas, ideias e experiências, enriquecendo o resultado final pelo debate necessariamente construtivo. Trabalhar com sócios é, em si mesma, uma vivência de cooperação, com evidentes vantagens. Os eventuais inconvenientes derivam da forma como a interação se processa e, sobretudo, das diferenças de caráter e de objetivos de cada um. De qualquer modo, as vantagens superaram largamente os inconvenientes, como em qualquer exercício de cooperação e partilha. 5. O empreendedorismo é fundado num ciclo permanente de aprendizagem do qual inovação e errar fazem parte? Quais foram os obstáculos que teve no seu percurso e o que retirou como aprendizagem? Entendo o empreendedorismo como um desafio permanente de melhoria e superação. Assim sendo, só pode ser fundado num ciclo permanente de aprendizagem, parte integrante do seu ADN. Aprender e inovar são estádios diferentes do caminho do empreendedorismo, em que errar e acertar são possibilidades que se apresentam constantemente, em todas as decisões. No meu caso, entendo que os maiores obstáculos são criados por nós próprios, pela forma como encaramos a realidade e como queremos incorporá-la. A maior aprendizagem tem a ver com a constatação de que, na grande maioria dos casos, é possível superar as dificuldades removendo barreiras autoinfligidas. 6. Estando a comemorar o 11º aniversário da sua empresa, que balanço faz, tendo em conta os tempos conturbados que Portugal atravessa atualmente? Quais as principais apostas para o futuro? O balanço é muito positivo, apesar do contexto. Depois de 11 anos continuo a acreditar que vale a pena apostar no desenvolvimento e no crescimento, mesmo em momentos como o atual. Por essa razão, as grandes apostas estão no lançamento no mercado da Seldata, no seu processo de internacionalização e numa busca constante de adaptar a SelPlus à novas necessidades, ampliando o seu leque de serviços. 7. Fala-se muito na necessidade das empresas serem sustentáveis e socialmente responsáveis. Que contributo pode dar o empreendedorismo para um modelo de desenvolvimento sustentável e responsável? O desenvolvimento sustentável e responsável só é possível através do empreendedorismo, da sua força criadora e regeneradora, nas empresas e na sociedade em geral. Mais que um movimento empresarial, o empreendedorismo é uma atitude cuja existência assegura uma caminhada comum de crescimento individual e coletivo e o alcançar de patamares superiores de bem-estar, em benefício de todas as gerações.
CONSELHOS E DICAS: 8. Quais são os principais critérios a ter em consideração para ter sucesso numa start up? O sucesso de uma start-up depende sobretudo de três aspetos:
A conjugação destes aspetos e a forma como a start-up os usa e articula são determinantes no sucesso e sustentabilidade do negócio. 9. Se tivesse de indicar cinco características a nível de personalidade, competências e valores que um(a) empreendedor(a) deve ter ou desenvolver, quais seriam?
10. Após a consolidação de um projeto/negócio, quais devem ser as prioridades do(a) empreendedor(a) enquanto líder e gestor(a)?
11. O que é para si empreender no feminino e que conselho(s) daria às mulheres que desejam tornar-se empreendedoras? Para mim, empreender é uma uma forma de estar e encarar a vida; nesse sentido, empreender não tem sexo. No entanto, reconheço que essa atitude, em particular no âmbito empresarial, tem estado mais visivelmente presente no masculino e, por isso, é importante estimular essa mudança no feminino. Ser empreendedora é participar de modo pleno, ativo e diferenciado na sociedade; ser empreendedora é enfrentar e remover os seus próprios obstáculos. Assim, o meu único conselho é que passem à ação, façam e sejam empreendedoras. |
