
|
Explorer Investiments - Entrevista a: Elizabeht Rothfield
1. O empreendedorismo nasce num dado contexto: social, económico, cultural, ambiental, político, etc. Como é que o mesmo influenciou a sua motivação, visão e estratégia, bem como o desenvolvimento do seu projeto? Somos três sócios. Trabalho com um deles, o Rodrigo Guimarães desde 1991. Quando vendemos a Midas, empresa da qual eu também era sócia, havia uma oportunidade de mercado clara na área de private equity. Começámos, então, dois negócios paralelos - Advisory para empresas cotadas e Private Equitity, na altura desenvolvido apenas pelo estado e alguns bancos. Fomos “the first time founded, first time market, first time team”, e não foi nada fácil. O mercado não existia e criámos o primeiro fundo com a ajuda da CaixaNova, sem ela não existíamos. Um desafio muito específico foi cativar estes parceiros que viram neste setor uma oportunidade de negócio e como queriam ampliar a sua atuação em Portugal, encaravam a Explorer como eventual veículo. Conheciam-nos e sabiam que tínhamos a energia necessária. 2. Quais são os fatores de sucesso da Explorer Investiments? O que é fundamental? Ter sócios. A crítica dos sócios, a discussão é muito saudável. E ainda, a complementariedade, possuir o mesmo ritmo, princípios e acima de tudo ter total respeito pela opinião de cada um. Temos uma unanimidade total, assumimos um compromisso de 100% em tudo. Não temos a mesma percentagem em termos de quota mas temos o mesmo peso de voto. Outro fator importante é ter uma ideia muito clara, simples, que preencha um “gap” no mercado e todos os dias ter capacidade de estar no mercado com a mesma energia. Aqui, mais uma vez é importante a complementariedade, indispensável, para não se deixar abalar nem entrar em depressão, nos piores momentos. 3. Trabalhar com sócios é então uma vantagem? Sim e pressupõe haver uma base de total respeito e confiança pelo que a sua escolha é essencial. No nosso caso, o facto de não só nos conhecermos mas termos trabalhado juntos foi uma grande vantagem. 4. O empreendedorismo é fundado num ciclo permanente de aprendizagem do qual inovação e errar fazem parte. Quais foram os obstáculos que teve no seu percurso e o que retirou como aprendizagem? Já escolhemos parceiros, investimentos, alvos de vendas e colaboradores errados que tivemos que alterar. Ultrapassar obstáculos, é sempre fator de crescimento e fortalece imenso a equipa. É imprescindível ser muito humilde, assumir os erros, os pontos fracos, criar mecanismos para não repeti-los. E, por isso, é muito importante ter sócios e estes serem complementares. Há sempre um que assume a liderança no momento H, não necessariamente sempre o mesmo. Por princípio: “never give up, never take no for an answer e never get too depressed”. 5. Estando actualmente a Explorer Investiments a comemorar o décimo aniversário, que balanço faz e quais as principais apostas para o futuro tendo em conta os tempos conturbados que Portugal atravessa? Temos conseguido aproveitar as oportunidades ao longo destes dez anos e crescemos para além do previsto. Para contornar a actual conjuntura, a estratégia tem sido o corte de custos e aumento de eficiência, a diversificação da oferta e a expansão para novos mercados com base na proximidade cultural e geográfica: América do sul, África, Inglaterra, EUA. 6. Atualmente, fala-se muito na necessidade das empresas serem sustentáveis e socialmente responsáveis. Que contributo pode dar o empreendedorismo para um modelo de desenvolvimento sustentável e responsável? O modelo de sustentabilidade criado aparece intimamente ligado ao da viabilidade e rentabilidade da empresa no médio prazo. Apoiamos várias causas ligadas à educação para a preparação das gerações vindouras. Acreditamos que esta é uma ferramenta muito poderosa para o desenvolvimento. 7. Qual a razão para a baixa percentagem de empreendedorismo e para a alto índice de mortalidade das empresas recém criadas? A pequena taxa de empreendedorismo em Portugal deve-se ao facto de não existir uma cultura de aprendizagem com o insucesso. Está enraizado o receio de falhar, de assumir riscos e a ideia do emprego para a vida. CONSELHOS E DICAS: 8. Quais são os principais critérios a ter em consideração para ter sucesso numa start up? Perceber onde há espaço no mercado, possuir uma ideia de negócio clara e simples, um modelo de negócio que faça sentido, capacidade de implementação (há pessoas que são criativas e não têm capacidade de implementar!) e uma forte dose de optimismo…as pessoas pessimistas aqui têm grandes dificuldades! E ainda, assumir riscos com pragmatismo. Ter a tal flexibidade analítica e sair reforçado com os erros. Ter em atenção que não saber assumir as consequências do falhanço, atitude comum na cultura do sul da Europa, pode ser um obstáculo. Finalmente, são também essenciais uma boa equipa e saber escolhê-la e ter noções financeiras mínimas…até para garantir o pragmatismo referido. 9. Quais as diferenças entre um empreendedor e um gestor e quais as características a nível de personalidade, competências ou valores que um(a) empreendedor(a) deve ter ou desenvolver? A principal diferença é que um empreendedor é mais criativo e impaciente fruto dessa sua contínua procura de criatividade. s. As características a realçar no primeiro são: Criatividade, capacidade analítica para detetar oportunidades de mercado, capacidade de implementação e uma enorme energia. 10. O que é para si empreender no feminino e que conselho(s) daria às mulheres que desejam tornar-se empreendedoras? A complementariedade é essencial. Mas por natureza a mulher é mais intuitiva, mais firme nas decisões e às vezes é isso que transmite a força no debate, na análise das pessoas. Há uma grande qualidade no ouvir, em saber pôr todas as cartas na mesa. Não acredito na necessidade das mulheres vestirem calças no sentido de serem excessivamente agressivas, isso é sinal de inferioridade, complexo, insegurança em relação à sua posição. |
